sexta-feira, 2 de julho de 2010

PERDER É TÃO RUIM!!!

Desde o primeiro gol da Holanda eu já estava dando voltas no quintal, sem condição nenhuma de assistir ao jogo. Ouvia os gritos e me empolgava. A garoa fina de Vitória da Conquista molhava o gorro que protege a careca. A certeza de que o Brasil faria ao menos mais um gol era fraca e tão fria quanto o início de Julho. Nessas horas, coração de torcedor e cabeça de pesquisador conversam, discutem, se abraçam.

E deu-se a derrota. Tristeza.

Esperar pelo bombardeio da imprensa. Não sei o que é pior, o mela-mela da Globo e as bobagens de Galvão Bueno ou a antipatia e o sotaque irritante da galera de Milton Neves, Datena, pelo amor de Deus e a equipre muito chata da Band. Só aguento mesmo Neto, mesmo com sotaque carregado.

Esperei ansiosa pela coletiva de Dunga, cuja tristeza eu acho que posso imaginar. Ou não posso, sei lá. Gostei de suas palavras. Gosto de sua postura. Acho que faltou ao Brasil o que o diferencia dos demais. Um grande craque. No fundo talvez seja justo que o Brasil saia, pois sempre ganhamos pelo talento individual. Se ganhássemos talvez fosse a primeira ou uma das poucas copas de equipe mesmo, sem o "cara". Que falta faz o meu fenômeno em campo. Oh, gordo! Por que tão gordo? Porque a vida é muito mais que tudo isso, talvez.

Fico com raiva de jogos como o da Holanda. Um jogo sujo com faltas teatrais. Até parece o Vitória que vive cavando pênalti. Detesto jogador que se joga, que encena. Uma conclusão da minha dissertação: futebol é futebol, teatro é teatro. Se não sabem jogar, e tome-lhe teatro. Detesto isso.

Mas isso é futebol. Um detalhe. Um simples detalhe e a favorita está fora. E nessa hora a pesquisadora me lembra que é essa a beleza do futebol. Esse imponderável. A vivência permitida e procurada da dor. A frieza de dizer para a alma e para o espírito que é só um jogo. Continuamos todos vivos, vamos tocar nossas vidas. Mas agora, completamente transformados pelos 90 minutos de intensa humanidade. Dor, alegria, raiva, ansiedade, esperança. Uma vida em 90 minutos.

Acho que acabou o verbo. O frio congela. Hoje é feriado. Um feriado triste. Independência? Vamos tentar. Essa dependência de futebol que nos alimenta.


É bolada, torcedor!

PS. Amanhã sou Alemanha desde pequenininha. Ninguém vai merecer a Argentina tirando onda com a gente.

5 comentários:

  1. Então amiga

    Ontem; apito final, Brasil fora da Copa, momentos de torpor, silêncio, tristeza. Muitas coisas passam pela cabeça. Na minha, uma delas foi: “preciso ler o que Adriana vai escrever”.

    Eis-me aqui!

    Preciso dizer que também admiro Dunga. Independente do resultado, vejo-o como um homem de caráter, com uma dignidade rara nos dias de hoje. Ou pelo menos raramente divulgada nas notícias que apostam no apelo da exposição de figuras corruptas e personalidades arrogantes e violentas. Acho-o corajoso por apostar no coletivo. Ainda que você tenha dito, com razão, que há um importância fundamental do talento individual no futebol, entendo que aquele que se destaca, se destaca porque há outros ao seu redor que possibilitam esse destaque. E isso amiga Adriana, vale tanto para o futebol, como para o nosso velho e bom teatro, concorda? Gosto de saber que um “talento individual” valoriza o coletivo em que se insere.

    Sobre o assunto: “profissionais que transmitem e comentam os jogos pela televisão” . Tive a feliz idéia de acompanhar o áudio do jogo do Brasil de ontem ouvindo uma emissora de rádio, usando o fone do celular. Foi uma delícia! Apesar da derrota, claro! Pude não ouvir os comentários chatos ou desnecessários ou preconceituosos ou vazios ou engraçadinhos, ou, ou, ou...

    Outra coisa que me fez refletir bastante, não apenas no jogo do Brasil, mas em toda a Copa, foi o significado de palavras como: favoritismo, tradição, competência, preparo técnico, tática de jogo, planejamento, etc. Ao que me parece todos esses conceitos podem ser flexibilizados, quando nos defrontamos com o mais primitivo dos sentimentos: a emoção humana. O sangue que ferve nas veias e altera comportamentos. A mesma essência da qual tratamos nos nossos palcos e com a qual construímos nossos personagens.

    Gostaria de falar ainda sobre outro ponto que me instiga profundamente, que é o apelo comercial, e a publicidade milionária que jorra em épocas de copa, mas a vida me chama. O Brasil volta pra casa, mas a gente por aqui precisa sair de casa: é fim de semana, e como todo bom artista que faz milhares de coisas ao mesmo tempo, preciso trabalhar. Passo a bola pra você, Adri!

    Entretanto, aproveito o gancho “publicidade” para pedir que visite o blog da nossa companhia: eciadearte.wordpress.com.br. Lá tem um link para esse aqui! Será um prazer ter um comentário seu para as nossas discussões.
    Enfim, é muito bom ter espaço para dialogar. E tornar públicas nossas umbilicais digressões.

    Sucesso para todos nós!!!!

    A propósito: A Argentina está fora e a derrota foi 4 a zero vezes mais triste que a nossa!!!!

    Beijos

    Karina de Faria

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  2. Não tenho quintal, então fiquei dando voltas na minha minúscula sala mesmo...Aos 30 do segundo tempo eu já estava tomando um porre de Tang sabor Limão porquê minha rouquidão e crise alérgica não me possibilitava tomar uma caipirinha caprichada na vodka... Estou arrasada até hoje pela derrota da seleção brasileira, porém feliz pela postura do Dunga, concordo com suas palavras e vamos esperar por 2014.
    E o próximo técnico?! O nome do Leonardo foi citado... Vamos ficar de olho no Leonardo! Ele foi demitido do Milan, fez uma péssima campanha lá,... Não vamos cair no estrelismo do cara...
    ...que estrelismo mesmo?!
    ...
    ...vou tomar outro porre de Tang sabor limão!

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  3. Tem que ser sabor limão mesmo porque laranja tá fora de cogitação. Eu não sei nada sobre Leonardo, mas não fiquei muito entusiasmada com o nome dele, não. Nem sei bem porquê. Gosto de Mano Menezes, porque sou Fiel... rsrsrs.

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